—–Dois documentários bastante distintos entre si foram exibidos na noite de quarta-feira no MIS-SP. Tratam-se de I am Not a Rock Star (Bobbi Jo Krals), que passou às 17h30, e Neil Young: Journeys (Jonathan Demme), às 20h.
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—–Para além do universo pop, a música erudita também teve lugar no In-Edit Brasil. I Am Not a Rock Star desenvolve um registro da vida da pianista erudita Marika Bournaki durante oito anos. A diretora acompanha o universo familiar e o cotidiano de Marika desde a época em que era vista como uma menina-prodígio, aos doze anos de idade, até seu amadurecimento como pessoa e como profissional, aos vinte. Começando a tocar piano com cinco anos de idade e em pouco tempo reconhecida pela mídia como uma pianista erudita em potencial, a rotina adolescente de Marika torna-se certamente diferente da dos garotos e garotas ao seu redor. Exemplificada pela vida de Marika, I Am Not a Rock Star fala diretamente sobre a construção de uma carreira na música erudita a nível mundial. Trata-se da abstenção de diversos aspectos que compõem a vida normal de um adolescente: faltar frequentemente às aulas na escola, viagens semanais, mudança de país, deixar de lado amigos queridos e a impossibilidade de manter uma vida social regular. À medida que o tempo passa, nota-se a construção do questionamento, da parte de Marika, sobre a validade do sacrifício que fez durante toda sua vida e a dificuldade em continuar a sentir prazer em construir uma carreira musical frente à expectativa depositada nela pelas pessoas ao seu redor, sobretudo seu pai, seu principal “apostador” e acompanhante em todas suas empreitadas. I Am Not a Rock Star – para além de um depositório de ótimas performances de Mozart e Scarlatti – é uma grande surpresa e comporta-se como um belo trabalho de registro contínuo, um dos casos em que a paciência e a transposição do tempo à tela valem o esforço da diretora.
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—–Menos documentário e mais musical, Neil Young: Journeys é o registro dos dois últimos shows que Young fez no Massey Hall, em Toronto, durante a turnê mundial de sua apresentação solo. Intercortado por breves momentos em que vemos Young falando sobre nuances de sua vida e de sua infância em alguns locais de Omemee, onde cresceu, e seus arredores, o filme ocupa-se dominantemente do show de Young, apenas ele próprio com seu violão ou guitarra elétrica repleta de overdrive, tocando gaita ou ao piano. O repertório do show de Young é dividido entre canções de seu disco mais recente, Le Noise, e clássicos do músico, como Down by the River e My My, Hey Hey. A sessão de Neil Young: Journeys levou muitos fãs de Young, que em muitos momentos cantavam junto suas músicas, tornando a noite no MIS-SP bastante agradável.
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—–As apostas de hoje no In-Edit são as sessões do CINESESC, às 19h e 21h, com Gozaran – Time Passing (Frank Scheffer) e Betty Carter: new all the timer + Art Blakey: The Jazz Messenger (ambos de Dick Fontaine), respectivamente. No Cine Olido às 19h há o interessante Punk in Africa (Keith Jones e Deon Maas) e, às 21h no Matilha Cultural, a sessão de Mission to Lars (James Moore e William Spicer), sobre o sonho de um garoto autista em conhecer seu ídolo, Lars Ulrich, baterista do Metallica. Até à noite!
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Cobertura e Texto por Gabriel Tonelo.