A Terça Temática de hoje vai falar dos Melhores de 2013! E a melhor música é você que escolhe: só votar aqui. E a missão de escolher os melhores discos ficou por conta da nossa editorial…
Listas de melhores são polêmicas. É bom, gera discussão, risadas, bebedeiras. Esta lista é completamente pessoal e traz os 20 discos que eu, sinceramente, mais ouvi no ano. O mundo tá cheio de discos maravilhindos e, na Deezer, dá pra ouvir de tudo um pouco, do Belize ao Mali, da California ao Ceará.
Acho um pouco triste que todas as listas tragam sempre os mesmos discos, e espero que todo mundo possa ouvir coisas diferentes por aqui. Com certeza ficaram faltando alguns ótimos discos – que, por qualquer razão, não bateram com a minha energia de 2013. Bom, mas vamos aos escolhidos:
20. Blood Orange – Cupid Deluxe
Dúvido alguém ouvir ‘Chamakay’ e não estar automaticamente entregue ao Blood Orange. Dev Hynes é meio doidinho da cabeça mas faz umas músicas fodas. Fora a capa que é a melhor do ano.
19. Felipe Cordeiro – Se Apaixone Pela Loucura Do Seu Amor
O Pará continua em alta e Felipe Cordeiro é o melhor de tudo que sai de lá. Com Kassin na produção (junto com Carlos Eduardo Miranda), ‘Se Apaixone pela Loucura do Seu Amor’ é fogo, puro fogo <3.
18. Part Time – PDA
Noturno, oitentista sem ser afetado, lo-fi e ainda: tudo saído da cabeça de um só cara, David Speck. Música pra cantar junto e olhar pela janela. Melhor companhia noturna.
17. Don L – Caro Vapor / Vida e Veneno de Don L
Mixtape também entra na lista de melhores discos. Gangsta Rap do Ceará, não tem como não amar. Don L surgiu no Costa a Costa, coletivo de rap de Fortaleza, que fez um barulho nos idos de 2007. ‘Caro Vapor / Vida e Veneno de Don L’, tem gente de peso nos beats – Billy Gringo, Basa, Luiz Café, Stereodubs -, e nos vocais – Flora Mattos, Rael, Terra Preta. Que delícia que é ouvir um sotaque de fora do sul/sudeste rimando.
16. Emicida – O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui
O “primeiro” disco do menino Leandro chegou mais como afirmação do que apresentação. Entra mixtape, sai álbum e o Emicida continua quebrando tudo, com uma sonoridade cada vez mais “sua”. E pra quem ainda não ouviu, ‘Crisântemo’ é a melhor música do Brasil de 2013.
15. M.I.A. – Matangi
A melhor faixa do disco ainda é ‘Bad Girls’, lançada em 2012. Mas ‘Matangi’ tem também ‘Double Bubble Trouble’, ‘Exodus’, ‘Y.A.L.A.’ e traz a M.I.A. inventiva e ousada que andava meio sumida. E sinceramente, ela voltou mais cool do que nunca.
14. Iara Rennó – I A R A
Iara Rennó é talento raro. O segundo disco de sua carreira é corajoso e cheio de personalidade. Dá pra ser rock e brasileiro sim, como outras tantas compositoras atuais tentam ser e não conseguem.
13. stromae – racine carrée
O belga Stromae lançou um senhor segundo disco, delicioso hiphop electro pop. ‘Papaoutai’ é a primeira que gruda na cabeça, mas o destaque mesmo é ‘Ave Cesaria’, homenagem à gigante Cesária Évora. “Oh sodade” divina.
12. Rodrigo Amarante – Cavalo
O disco “ame ou odeie” de 2013, por aqui, foi adorado. ‘Cavalo’ é um disco de escuridão, feito por um andarilho do mundo, cheio de solidão e sensibilidade. Quando Amarante se distancia um pouco da pegada ‘Little Joy’, acerta em cheio.
11. Daft Punk – Random Access Memories
O que eu gosto do ‘Random Access Memories’ é que é um disco íntimo. Cheio de sentimento – fazer música eletrônica assim não é fácil. ‘The Game of Love’ e seu vocoder lento quase faz chorar – nós, humanos, conseguiríamos nos emocionar mesmo com robôs. E, por mais que ‘Get Lucky’ tenha tocado até doer nossa cabeça, ainda é uma das músicas pop mais legais dos últimos anos.
10. Kanye West – Yeezus
Só por ‘Blood on the Leaves’, ‘Yeezus’ já estaria na minha lista. É denso, ousado e pessoal. Faltam hits e sobra coesão do rapper mais insuportável do mundo. Mas ele é bom demais.
9. Passo Torto – Passo Elétrico
Em um ano sem tantos destaques nacionais, o Passo Torto lança seu segundo capítulo – agora com guitarra e cavaquinho distorcidos. Entre altos e baixos, o disco nos traz pérolas como ‘Helena’, ‘Isaurinha’ e ‘A Cidade Cai’, tudo feito pelos já preferidos daqui da casa Kiko Dinucci, Rômulo Fróes, Cabral e Rodrigo Campos. É disco pra fone de ouvido.
8. Rokia Traoré – Beautiful Africa
Rokia Traoré já tem chão percorrido, mas ‘Beautiful Africa’ é, de longe, seu melhor trabalho. Produzido por John Parish (parceiro de PJ Harvey), é um ode à música africana cheio de vitalidade, personalidade e vigor, sem se tornar caricato em momento nenhum. ‘Kouma’ é potência punk máxima na voz da rainha do Mali.
7. The Garifuna Collective – Ayó
E um dos grandes discos do ano vem de um país minusculo na América Central. Não é lindo isso? ‘Ayó’ dá adeus a Andy Palacio, antigo líder da banda, falecido após o lançamento do primeiro álbum. Mas é uma despedida cheia de alegria e beleza, com a leveza da comunidade Garifuna, leveza de quem leva a vida com delicadeza. Maravilhoso.
6. Mayra Andrade – Lovely Difficult
Mayra Andrade é uma caboverdiana do mundo. Em ‘Lovely Difficult’, seu objetivo é tornar sua música menos world e mais pop(ular), cantando pela primeira vez em inglês (além de criolo caboverdiano, francês e português). Tem ginga e tem coração.
5. Arcade Fire – Reflektor
Olha, eu amo o Arcade Fire. ‘Reflektor’ é talvez a melhor música do ano. Me rebolo toda com ‘Afterlife’ e ‘We Exist’, caem lágrimas com ‘You Already Know’, ‘Joan of Arc’. Mas, sendo sincera, tem uma coisa que me incomoda nesse disco: a mixagem/masterização. Muitos elementos embolados, muita informação numa nuvem gigante de som. Menos é mais, nesse aspecto. Mas ainda assim, o disco tem aquele ar épico cheio de emoção que me tira o ar. Fica a ansiedade pra ver ao vivo.
4. Winston McAnuff & Fixi – A New Day
Olha, quer ser feliz num dia de sol? Ouve esse disco. Um jamaicano e um francês se juntam e trazem uma rara e doce alegria durante 13 faixas. Mais um disco nascido de uma morte precoce – de Johnny, filho de McAnuff -, mais um disco que transforma dor em beleza. Ao mesmo tempo sutil e visceral, uma das coisas mais lindas que você vai ouvir no ano, vai por mim.
3. Drake – Nothing Was The Same
Rap emo. Drakezinho, ele é pura emoção – falo isso com o maior amor do mundo. Quando quero sentir a cidade com todo meu coração, coloco ‘Nothing Was The Same’ nos ouvidos. Nesse disco, Drake se mostra por completo e é tudo que o The Weeknd prometia ser: RnB soturno, sensual e envolvente – e ainda com rima! Fazer um disco de 16 faixas todinho ótimo é raro hoje em dia. E ainda com ‘Hold On, We’re Going Home’ no meio, que maravilha.
2. Milo – Things That Happen at Day / Things That Happen at Night
Um desconhecido de 21 anos soltou o meu álbum de rap preferido no ano – que na verdade é um EP duplo. Um sopro de ar puro, com beats minimalistas e letras pessoais e inteligentes sem a pose de 99% do hip hop. Milo é ao mesmo tempo provocativo, ingênuo e vulnerável, pulando de Pablo Neruda a Kitty Pride, despretensiosamente se levando a sério demais. Seu estilo é declamativo, como um spoken word, rap quase poesia. Meu sonho é que o mundo inteiro ouça esse disco.
1. James Blake – Overgrown
Jamesinho, Jamesinho. Mais difícil do que fazer um segundo disco bom, é fazer um segundo disco melhor que o primeiro. ‘Overgrown’ é tudo que nós esperávamos. O menino amadureceu sua música – que já era das sonoridades mais únicas dos últimos anos – e trouxe mais hip hop e eletrônico ao seu piano e falsetes. As participações pontuais de RZA e Brian Eno explicitam esse caminho, mas Blake é o dono completo do disco – tocou, produziu, cantou, se expôs ao máximo. Nunca nada foi tão simples e tão cheio de significado como aqui.
– por Yasmin, editorial da Deezer Brasil.